História vinho
A produção de vinho inicia-se durante a ocupação romana, mas foi no final do século XII, pelas mãos dos Monges de Cister, que esta se desenvolveu de forma mais significativa.
A sua posição geográfica relativamente ao mar e montanhas, beneficiando da agressividade do inverno da Serra da Estrela, e com verões muito quentes e secos, proporcionam condições climatéricas extremas que são bem suportadas pelas castas utilizadas e criteriosamente escolhidas. O resultado: uvas aromatizadas, que resultam em vinhos macios, fruto também de uma vinificação tradicional.
Na sua área de produção estão reconhecidas as seguintes sub-regiões:
Sub-Região Castelo Rodrigo
Sub-Região Cova da Beira
Sub-Região Pinhel
A região
Na região da Beira Interior os vinhos são influenciados pela altitude – as vinhas chegam a ultrapassar os 750 metros do nível da água do mar, rodeadas pelas serras da Estrela, Marofa e Malcata. O principal benefício da viticultura em altitude é o clima mais fresco, aumentando o teor de acidez, conseguidos graças às oscilações térmicas entre o dia e a noite. As noites frescas levam a maturações mais lentas e uniformes da uva, concentrando aromas e sabores. Durante o dia, a maior radiação devido à proximidade do sol, ajuda a fotossíntese, ganhando em termos de cor e com um grau alcoólico adequado.
Tipos de casta - Brancas
Síria
A casta Síria é a mais plantada na Beira Interior. Em termos geográficos, prefere o interior do país, alongando-se numa faixa estreita que corre de Norte a Sul, sempre junto à raia espanhola. É uma casta produtiva, de cachos e bagos pequenos, entusiasmante nos aromas primários, oferecendo muita laranja, limão e toranja. Sugestões de pêssego, melão, loureiro e flores silvestres. As terras altas e frescas da Beira Interior são-lhe mais favoráveis que o calor do Ribatejo e do Alentejo. Daqui retira uma frescura e exuberância aromática ímpar até ao seu paladar.
Fonte Cal
A Fonte Cal é uma casta que só existe atualmente na Beira Interior, nas sub-regiões de Pinhel e Castelo Rodrigo. É uma casta medianamente produtiva, de maturação tardia e grande vigor vegetativo, apresentando cachos médios e muito compactos. Composto por bagos verde-amarelados, que originam vinhos de graduações alcoólicas elevadas. Nos raros vinhos estremes produzidos a partir da casta, dominam os aromas florais e frutados, com uma estrutura mais densa e um menor grau de acidez.
Malvasia
A Malvasia Fina está presente no interior norte de Portugal, sobretudo no Douro, Dão e Beira Interior, comparecendo igualmente na sub-região de Távora-Varosa e Lisboa. Por regra, os vinhos anunciam sintomas melados, no nariz e boca, vagas notas de cera e noz-moscada, aliados a sensações fumadas (mesmo sem qualquer estágio em madeira). Os vinhos de Malvasia Fina são tradicionalmente discretos, pouco intensos, frescos e complexos. É uma casta de lote, na Beira Interior é usada como base para espumantes e vinhos frisantes.
Arinto
Uma das castas nativas mais antigas de Portugal e a terceira mais representativa dos encepamentos tradicionais da Beira Interior, a seguir à Síria e à Fonte Cal. Versátil, presente na maioria das regiões vitícolas portuguesas, sendo reconhecida pelo nome Pedernã, na região dos Vinhos Verdes. Proporciona vinhos vibrantes e de acidez viva, refrescantes e com forte pendência mineral. O aroma é relativamente discreto, com notas de maçã verde e limão. E a acidez firme é a sua principal característica. Apresenta cachos de tamanho médio, compactos e com bagos pequenos. Frequentemente utilizada na produção de vinhos de lote e de espumantes.
Fernão Pires
Uma das castas Brancas mais plantadas na Beira Interior e em Portugal. A sua produtividade elevada, assim como a versatilidade e a riqueza aromática, ajudam a explicar a popularidade. Por ser uma casta muito plástica, é utilizada igualmente em estreme e lote, aceitando ainda a “espumantização” e a vindima em colheita tardia para a obtenção de vinhos doces. Por regra, os Fernão Pires devem ser bebidos jovens.
Sensível às geadas, prefere os solos férteis, de clima temperado ou quente. Os descritores aromáticos que lhe estão associados alternam entre a lima, limão, ervas aromáticas, rosa, tangerina e laranjeira.
Castas - Tintas
Rufete
A casta Rufete é a mais plantada na Beira Interior, muito popular nas regiões do Douro e Dão. Caprichosa e exigente, reivindicando condições muito particulares para poder dar o melhor de si. Sensível ao míldio e oídio, é uma casta produtiva, com cachos e bagos de tamanho médio. Por ter uma variedade de maturação tardia, tem dificuldade em madurar na plenitude, antes das chuvas do equinócio. Porém, quando amadurece em pleno, compõe vinhos aromáticos, encorpados, frutados, delicados e com um bom potencial de envelhecimento em garrafa. É uma casta utilizada maioritariamente como lote juntamente com a Touriga Nacional e a Tinta Roriz.
Touriga Nacional
Uma das castas mais plantadas pela Beira Interior. Nobre, é a casta mais elogiada em Portugal, hoje disseminada por todo o seu território. A sua pele grossa, rica em matéria corante, ajuda a obter cores intensas e profundas. A abundância dos aromas primários é uma das suas imagens de marca, apresentando-se simultaneamente floral e frutada, sempre intensa e explosiva. Pouco produtiva, é capaz de produzir vinhos equilibrados, com boas graduações alcoólicas e excelente capacidade de envelhecimento.
Touriga Franca
É na Beira Interior, sobretudo nas sub-regiões de Castelo Rodrigo e Pinhel, que encontra a 3ª casta tinta mais plantada. Oriunda da vizinha região do Douro, ocupa cerca de um quinto do encepamento total da região. A sua popularidade fundamenta-se na extrema versatilidade, produtividade, equilíbrio e regularidade da produção, bem como na boa sanidade geral. Desenvolve-se num ciclo vegetativo longo, que proporciona vinhos ricos em cor. Com cachos médios ou grandes, de bagos médios e arredondados. Oferece fruta farta, proporcionando um corpo denso e uma estrutura firme e elegante. Por regra, os vinhos sugerem notas florais de rosas, flores silvestres, amoras e esteva, sendo regularmente associada com as castas Tinta Roriz e Touriga Nacional.
Alfrocheiro
A casta Alfrocheiro encontra-se presente um pouco por toda a região da Beira Interior. Vigorosa, necessita de atenção redobrada, uma vez que revela uma propensão natural para sofrer com o oídio e a podridão cinzenta. Produz vinhos ricos em cor, com um notável equilíbrio entre álcool, taninos e acidez. Aromaticamente sobressaem os aromas a bagas silvestres, com destaque particular para a amora e o morango maduro. Por regra, dá forma a vinhos de taninos firmes, mas delicados e estruturantes.
Jaen
Oriunda do Dão, tornou-se presença habitual nos novos encepamentos, sobretudo na Sub-região da Cova da Beira. Apesar de muito bem adaptada à Beira Interior, por ser extraordinariamente produtiva, obriga a mondas apertadas na vinha, sob pena de oferecer vinhos aguados e acídulos, de baixo grau alcoólico.
Usada maioritariamente como lote, esta casta produz vinhos perfumados, veementes nas notas aromáticas de amora, mirtilo e cereja. E apesar de ser uma variedade levemente rústica, proporciona vinhos macios e sedosos, que arredondam rapidamente, vinhos simples, mas sedutores.
Trincadeira
Presente sobretudo na sub-região da Cova da Beira, onde é conhecida por Tinta Amarela, é uma casta difícil, especialmente vigorosa, necessitando de refreio permanente e cuidados redobrados no controlo da produção. Uma casta caracterizada por ter cachos médios e muito compactos, mostrando-se extremamente sensível às doenças e à podridão, mas muito bem adaptada ao clima seco da Beira Interior. Usada sobretudo como lote, os vinhos que dela nascem são tendencialmente florais, mais vegetais quando a maturação é deficiente, ricos em cor e acidez, ligeiramente alcoólicos e com boas condições para envelhecer bem em garrafa.
Tinta Roriz / Aragonês (Tempranillo)
É a casta ibérica por excelência, uma das raras variedades valorizadas em ambos os lados da fronteira, convivendo em Portugal sob dois apelidos, Aragonês e Tinta. Precoce, muito vigorosa e produtiva, facilmente adaptável a diferentes climas e solos, tendo-se estendido rapidamente para as regiões do Dão, Tejo e Lisboa. Se o vigor for controlado, oferece vinhos que concertam elegância e robustez, com aroma a fruta e especiarias. Prefere climas quentes e secos, temperados por solos arenosos ou calcários. Em bons anos, produz vinhos encorpados, escuros e muito aromáticos. Tem aromas finos e delicados, de pimenta e uvas. A casta Aragonês tem alto rendimento e é indispensável para o lote de um bom Vinho do Porto. Vinhos tintos variados também mostram bons resultados, especialmente na região do Dão, enquanto os melhores lotes do Alentejo geralmente correspondem a vinhos com amplas percentagens de Tinta Roriz, tal como os tintos secos do Douro.
Baga
Esta casta é responsável pelos melhores vinhos da Bairrada, revelando-se igualmente importante nas Beiras e Dão, e, embora menos determinante, nas regiões de Lisboa e Tejo. Vigorosa, com cachos de bagos pequenos, de maturação tardia, necessitando de mondas diligentes para conseguir manter a qualidade e a maturação correta da fruta. Extremamente suscetível à podridão, sofre com as provações das primeiras chuvas de setembro, preferindo os solos argilosos e com boa exposição solar. Com boas maturações, e em anos secos, os vinhos da casta Baga assumem uma cor profunda, com fruta de bagas silvestres bem definida, ameixa preta, taninos sólidos e acidez mordaz, com notas de café, erva seca, tabaco e fumo. Os vinhos da casta Baga apresentam um enorme potencial de envelhecimento em garrafa.
Guardar o vinho
Conhece a expressão "quanto mais velho melhor, tal qual o vinho (do Porto)"? Há de facto vinhos que envelhecem em garrafa, ou tonéis, mas
A verdade é que nem sempre é assim. Há de facto vinhos que envelhecem em garrafa, ou tonéis, mas outros há que podem não ter o mesmo tipo de conservação.
Temperatura
Para que o vinho esteja confortável e evolua em pleno, deverá estar a uma temperatura constante de 12º para o envelhecimento prematuro do vinho. Calor acima dos 23 graus vai oxidar o vinho.
Dica: evitar guardar garrafas de vinho junto a luzes de expositores ou ao sol.
Luz
O ideal é que não se faça muita luz, pois a exposição prolongada aos raios UV presentes na luz solar ou na luz de lâmpadas fluorescentes terá impacto negativo no sabor e aroma do vinho, em especial nos brancos. Guardar vinho só em locais protegidos de luz continuada, para garantir a sua boa preservação.
Posição
Colocar a garrafa na horizontal para que o vinho permaneça em contacto com a rolha, mantendo-a húmida e dilatada. Assim, a entrada de oxigénio é impedida, que acabaria por adulterar as qualidades do vinho, estragando-o.
Humidade e ventilação
As rolhas são permeáveis, pelo que convém guardar em locais ventilados sem a presença de odores fortes e evitando assim a entrada desses odores através da rolha. Do mesmo modo, a humidade é importante para a rolha, pois a sua ausência secará e reduzirá a rolha, permitindo a entrada de oxigénio.
Provar Vinho
Profissional ou não, aqui ficam três dicas rápidas para uma boa prova de vinho.
Olhar > Cheirar > Provar, e…
1. Use um copo adequado ao estilo de vinho que está a provar. Resista sempre a beber da garrafa.
2. Garanta que o vinho está à temperatura adequada para o tipo de vinho. Não significa à temperatura ambiente, a menos que tenha a climatização regulada para Branco ou Tinto.
3. Limpe o paladar, evite comer alimentos fortes para o palato.
4. O anfitrião deve começar por provar o vinho, assim se houver algum resíduo de rolha ficará no seu copo.
5. No caso de serem servidos diversos vinhos, deve servir-se do branco para o tinto, do mais leve para o mais encorpado, do mais jovem para o mais velho.
Tipos de Vinhos
Brancos
De qualidade notória, com destaque para os de meia encosta de exposição a sudoeste, são vinhos aromáticos, cheios e persistentes no sabor.
Tintos
São vinosos, vivos e brilhantes enquanto jovens, intensos e equilibrados, com raro bouquet quando estagiados e envelhecidos.
Espumantes
Os vinhos espumantes refletem muita frescura e apresentam grande exuberância aromática. Os vinhos Espumantes desta região são Tinto, Branco e Rosado. Na preparação dos vinhos espumantes de qualidade com direito à DO Beira Interior, o método tecnológico a utilizar é o de fermentação clássica em garrafa
Vinhos Biológicos
A produção biológica utiliza práticas agrícolas sustentáveis, que fomentam a biodiversidade e impactam positivamente o ecossistema agrícola.
Vinhos Kosher
Os alimentos e as bebidas permitidos para o consumo, de acordo com os preceitos do Tora, são chamados de Kosher, Kasher ou Casher, palavra hebraica que significa “bom”, “digno de confiança”. Quando industrializados, os produtos Kosher precisam ser supervisionados por autoridades religiosas e podem ser identificados por símbolos impressos em suas embalagens, e um selo de certificação kosher.
Vinho Licoroso
O vinho licoroso com direito à DO Beira Interior é elaborado a partir de mosto de uvas aptas a produzir DO Beira Interior, em início de fermentação, ao qual foi adicionado destilado de vinho com um título alcoométrico adquirido de 77%vol., respeitando as características estabelecidas na legislação aplicável em vigor.
Servir Vinho
Não há dois vinhos iguais, pelo que para cada estilo, diferentes cuidados a servir.
A temperatura, o copo e a comida que o vinho vai acompanhar, tudo vai influenciar a apreciação do vinho. No entanto, por norma, o vinho não se serve à temperatura ambiente: os Brancos entre os 8º e os 12º, e os Tintos entre os 16º e os 18º.
Espumantes
Servir entre 6º-10º, em flute. No entanto há teorias que indicam que o champanhe ganha corpo em copos mais largos, como taças.
Rosé
Devem ser servidos em copo tulipa entre os 6º-10ºC. Acompanham bem saladas e aperitivos.
Brancos
Os brancos leves, devem ser servidos entre 6º a 10º em copo bordalês; os mais aromáticos e mais encorpados entre 10º e 13º e em copo tulipa.
Tintos
Maioritariamente servidos em copo balão entre 16º e 18º graus, os mais encorpados; os mais elegantes mais frescos entre 15º e 16º.
Fortificados
Devem ser servidos em cálices, e a uma temperatura entre os 10º-14ºC. São maioritariamente bebidos com sobremesas.
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